sábado, 18 de janeiro de 2020

Estamos cuidando da nossa saúde mental?


Por  Letícia Oni Laurentino
Atleta Asics Front Runner - Brasília

Cuidar da nossa mente é tão importante quanto cuidar do nosso corpo.

Falamos frequentemente sobre os benefícios irrefutáveis da atividade física; acreditamos no papel de um bom nutricionista quando buscamos uma alimentação mais equilibrada e saudável; nos submetemos a check-ups anuais com diversas especialidades médicas, etc. Mas quando o assunto é a nossa saúde mental, será que tratamos com o mesmo cuidado?

"Anima sana in corpore sano" é a expressão latina que deu o nome e que move a marca ASICS. Na literalidade, significa “mente saudável em um corpo saudável”. Isso significa que as duas coisas estão interligadas: para ter um corpo saudável, nossa mente precisa estar bem. Gosto de dizer que corpo e espírito estão em constante busca de equilíbrio. Isto é, quando nossa mente está desequilibrada, a tendência é que a gente perceba sintomas em nosso corpo. O mesmo ocorre quando o corpo não está tão bem: nossa mente tende a se perder um pouco, pelo menos por alguns instantes. Por isso a importância de cuidar da mente tão bem quanto cuidamos do corpo.

É claro que quando nos dispomos a fazer atividade física, já estamos, de certo modo, cuidando do corpo e da mente. O que quero dizer aqui é que é muito fácil, em um momento de desequilíbrio emocional, nos encaminharmos para opostos: às vezes para o excesso, outras vezes para o isolamento. Isto é, em fases difíceis, enquanto algumas pessoas abandonam as coisas que mais amam fazer, outras partem para o exagero.

Explico. Às vezes, buscamos refúgio para os problemas em algo que amamos. Tem gente que se esconde no trabalho, na bebida alcoólica, na comida. Por que não aconteceria com o esporte?! Nós, imersos no ambiente esportivo, puxamos peso, aumentamos a carga de treino sem motivo, corremos mais forte ou mais longe que o necessário...Tentamos esconder algo que nos falta nos excedendo em outras áreas da nossa vida. E, no fim das contas, o que precisamos é de alguém que nos ouça e nos auxilie.

A minha experiência foi no ano passado. Tive muitos momentos complicados. Não tenho dúvidas de que a corrida foi o meu maior refúgio e me manteve sã por um bom tempo. Mas finalmente percebi que, na maioria das vezes, não é o suficiente. No meu caso, por exemplo, comecei a usar a corrida para fugir de tudo o que estava sentindo. Estava triste, ia correr. Estava com raiva, ia correr. Tinha um dia ruim, ia correr. Alguns dias, quanto mais cheia estava minha cabeça, mais rápido e forte eu tentava correr. Percebi que quando eu não sabia lidar com um sentimento, eu usava a corrida para abafar o que estava sentindo. O que esse padrão me causou? Abafei meus sentimentos por algum tempo e não lidei com eles de maneira apropriada. Após um tempo, perdi a vontade de correr. E acabei agravando o processo de estafa mental que já estava instalado.

Usar o esporte como terapia pode ser uma das saídas para manter a mente saudável e em equilíbrio com o corpo. Porém, não podemos esquecer que, em determinados casos, só um profissional será capaz de desenrolar o misto de sensações que nos rodeiam. A tendência é que, não lidando bem com nossas emoções, canalizaremos em outros aspectos da vida. Acabamos por maltratar o corpo e buscamos esquecer sensações que precisam ser sentidas e cuidadas, gerando desequilíbrio e adoecendo o corpo e o espírito. 

Tão importante quanto a planilha de treinos é a nossa saúde mental. Não podemos abrir mão. E se nos valemos do esporte (ou qualquer outra coisa) para abafar sentimentos, talvez seja necessário recalcular a rota e olhar para dentro. Só assim será possível alcançar o equilíbrio da mente sã em um corpo são.

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