quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Relato da Anmielle sobre a Spartathlon

Por Anmielle
Rio de Janeiro - RJ

Fidípedes, que está lá junto aos Deuses do Olimpo, pode estar orgulhoso por eu ter chegado tão perto do objetivo.

É verdade... Deixei, novamente, de tocar os pés do Rei Leônidas.

Meus  pés cheios de bolhas estavam cumprindo sua missão.

As pernas, ora cansadas, ora doloridas, ora agindo como se tivesse acabado de começar a jornada. É, ser ultramaratonista é aprender a resolver os próprios problemas ao longo do caminho.

O sono passou longe do modo zumbi e caminhei a passos ágeis, quando preciso.

Minhas forças foram reduzidas pelo meu intestino. Tive uma tormenta intestinal que fez eu abandonar toda e qualquer vaidade que ainda me restasse.

Desde os primeiros 42km, senti que algo estava desandando e foi assim até o Km 170 (feitos em 24 horas e 30 minutos, passei pelo Morro das Cabras!).

Apesar de ter parado antes do tempo, estou feliz por ter conseguido dobrar a distância percorrida ano passado, mesmo nessas condições. Encantada por tudo que vi e vivi, por correr ao lado de atletas de diferentes partes do mundo.

Obrigada a todos que puderam enviar boas energias e desculpem se caso eu tenha decepcionado. Sugiro treinar e tentar. É uma prova de gigantes.

Agradeço incansavelmente aos meus assistentes: mamãe e meu marido.

Assim como ao meu treinador, Urbano Cracco; à minha nutróloga, Dra. Maria Vargas; e minha fisioterapeuta, Vânia Teles e sua equipe (SEPTEN FISIO) essenciais na minha preparação.

Relato do Bento Veneziano sobre o Desafio da Ponte 2025

Por Bento Veneziano
Rio de Janeiro - RJ

Essa prova era uma daquelas corridas que gostaria de fazer antes de morrer. Dediquei cada Km a uma pessoa ou instituição que são importantes para mim.

No dia 01 de maio de 1977 às 09:00 (domingo) nossa mãe nos levou de Campina Grande para o Rio de Janeiro. Durante a viagem eu, por muitas vezes, abria a janela do ônibus da Itapemirim e olhava para trás, com medo de que o nosso pai (em um Corcel vermelho), viesse pegar seus filhos de volta para a Paraíba e ainda fizesse algum mal à nossa mãe. Esse medo estava em mim por todo o tempo,  inclusive nas paradas que o ônibus fazia nos restaurantes Flecha. Na quarta-feira o ônibus passou pelo pedágio da Ponte Rio-Niteroi. Conforme o ônibus avançava na Ponte em meio àquela imensidão de carros e outros ônibus (a ponte tem 4 pista em cada sentido) meu medo foi desaparecendo. Por isso passei a ter uma admiração e carinho por aquela Ponte. Em 1981 houve a primeira edição da corrida da Ponte Rio-Niterói que por algum motivo não pude participar. De 1981 até 2024 existiram apenas 8 edições dessa corrida. Essa era uma daquelas provas que gostaria de participar antes de partir daqui. Hoje 03.08.25 realizei o meu sonho em completar os 21 Km da corrida da Ponte (Desafio da Ponte).
Dedico cada quilômetro dessa prova especial às pessoas ou instituições que são muito importantes para mim:
Deus é bom o tempo todo.
Mãe - Nossa corajosa guerreira.
Antônio (Tonho) - Um querido irmão.
Egídio (Branco) - Um querido irmão.
Aluísio (Lula) - Um irmão querido.
Berenice (Beré) - Uma querida irmã.
Cleonice (Cleo) - Uma querida irmã.
Sr. Carlos (Carlinhos) - Nosso querido Padrasto.
Iracelma (Celma) - Minha querida esposa.
Felipe (Lipe) - Um precioso filho.
Israel (Rael) - Um precioso filho.
Melissa (Mel) - Nossa encantadora netinha.
Lizandra (Liz) - Nossa querida nora, esposa de Israel.
Luís Antônio (Luisinho) - Nosso encantador netinho, filho de Liz e Rael.
Prof. Fred - Nosso primeiro professor de corrida (meu e de Lula). Ele era educador  físico do Fluminense e não cobrava pelas preciosas orientações.
Peg Pag - Meu primeiro emprego com carteira assinada, quando eu tinha 11 anos e 8 meses. Este supermercado fazia parte do grupo Pão de Açúcar.
Farmácia Droga Márcio - Meu segundo emprego - dos 15 aos 18 anos.
Exército Brasileiro - Meu terceiro emprego - dos 18 aos 45 anos.
SENAC - Onde fiz o ensino básico.
CEFET - Escola Técnica Federal do Rio de Janeiro (atual IFRJ). Onde comecei o ensino médio profissionalizante.
Igreja de Nova Vida em Botafogo, onde congreguei de 1979 até 1984. 

Memórias de um Corredor - Parte 63

Relato de Corrida em Curitiba - Setembro 2025

De 20 a 22 de setembro de 2025, estive em Curitiba para o casamento de uma sobrinha. Claro que levei na bagagem meu kit de corredor - quem corre sabe bem o que é, né?

Curitiba, capital do Paraná, é famosa pelo clima instável: em um único dia pode fazer “as quatro estações do ano”. Frio, sol e chuva se alternam rapidamente. Para quem corre, cada condição é um desafio diferente: no frio o corpo demora a aquecer, mas o rendimento pode ser melhor; na chuva, os parques e ruas ganham um ar desafiador e exigem atenção redobrada; já no sol, mesmo que não tão forte, a hidratação se torna essencial. Com seus inúmeros parques e áreas verdes, como o Bacacheri, o Barigui e o Jardim Botânico, Curitiba transforma cada treino em uma experiência única. Sem falar no Bairro Alto, onde fiquei hospedado, cheio de subidas enormes.

Saímos do Rio de Janeiro na quinta-feira, 19 de setembro, às 19h, pela Rodoviária Novo Rio. A viagem durou cerca de 12 horas e correu tudo bem. Em Curitiba, a temperatura estava amena, em torno de 20 °C, com um friozinho agradável. Ficamos hospedados na casa da minha cunhada (obrigado pela recepção, adoramos!). Após um bom café da manhã, mesmo cansado da viagem, não deixei de treinar — afinal, estou no Desafio 365 (mínimo de 1 km por dia) e não posso deixar de correr sequer um dia, senão estou fora desse desafio.
Primeiro dia de treino
Primeiro dia de treino - Jardim Botânico
Na Sexta-feira, 19 de setembro como fazia muito tempo que não visitava Curitiba e não conhecia o Bairro Alto, levei o celular comigo para usar o Google Maps, caso me perdesse. Peguei algumas dicas com meu cunhado e parti em direção ao Jardim Botânico, correndo pelas ruas da cidade e passando por pontos como o shopping e o Jockey Clube de Curitiba.

Chegando ao Jardim Botânico, registrei algumas fotos e rodei alguns quilômetros dentro do parque. Já era meio-dia, estava cansado da viagem e resolvi voltar. No retorno, o Google Maps me deu um caminho mais longo. O sol apareceu, a temperatura subiu e precisei parar em um bar para comprar uma água com gás, que me deu ânimo para continuar. Faltando 4 km, com várias subidas pela frente, alternei correndo e caminhando. Finalizei o treino com 15 km.
Segundo dia de treino
Segundo dia – Parque Bacacheri
No sábado, 20 de setembro, dia do casamento da minha sobrinha (previsto para as 16h), resolvi fazer um treino mais leve. Acordei às 5h30min com o clima em torno de 13 °C e muita neblina. Fiz um rápido desjejum e saí em direção ao Parque Bacacheri, cerca de 5 km da casa onde estava hospedado.

Durante o trajeto, a neblina foi se dissipando, mas a temperatura continuou baixa. Ao chegar no parque (lindo, com muita natureza), encontrei o amigo corredor Cláudio Moura, morador da cidade. Conversamos e seguimos juntos no treino. Ele havia planejado apenas 30 minutos, após o treino nos despedimos e cada um pegou a sua direção. O treino que era para ser somente 5 Km  se estendeu acabou virando 16 km (risos).
Terceiro dia de treino
Terceiro dia - Treino leve pelas ruas do Bairro Alto
No domingo, 21 de setembro, não consegui acordar cedo por causa do casamento e da festa que terminou por volta das 2h da manhã. Aproveitei para descansar, o dia estava fazendo sol, iniciei o treino às 10h30min. Cansado, rodei 3,5 km até um ponto das ruas do Bairro Alto e retornei finalizando o treino  com 7,93 km.
Quarto dia de treino
Quarto dia - Chuva, frio e subidas
Na segunda-feira, 22 de setembro, o treino foi debaixo de muita chuva, frio e subidas. Saí de casa por volta das 8h30min com o objetivo de fazer 10 km (5 km de ida + 5 km de volta). Após algumas subidas e descidas, aproveitei para correr forte no plano. Aos 4 km, passei em frente à mega loja da Havan, e no 5º km quando cheguei à Prefeitura de Pinhais a chuva caía intensamente.

Engraçado que, na noite anterior, tínhamos ido a um churrasco na casa de outro sobrinho e passamos de carro por esses mesmos locais, mas eu não havia reparado. Na volta, a chuva apertou, mas como estava em atividade não senti frio. Finalizei os 10 km de volta à casa onde estava hospedado.

Conclusão:
Curitiba transforma cada corrida em uma experiência especial, independente do clima. Correr lá é muito prazeroso mesmo com às subidas. Seja frio, chuva ou sol, o treino jamais deve parar!!!