quinta-feira, 22 de junho de 2017

SporTV erra ao anunciar a vencedora da Maratona Caixa do Rio 2017

Por Luciana Peixoto
Rio de Janeiro –R J

O diagnóstico de DEPRESSÃO assusta qualquer um.

Alguns ignorantes acham frescura, porem só quem vive com o diagnóstico ou com uma pessoa que passa pelo problema sabe como é difícil. Principalmente quando esse alguém é uma mulher nova, bem casada e com filhos maravilhosos.

“Meu Deus, vou viver a base de remédios para não enlouquecer!” Essa é a frase que constantemente martelava em minha cabeça. A vergonha passa a fazer parte da vida porque a sociedade rotula o depressivo como um louco descontrolado.

Eu vivi isso. Eu conheço bem essa realidade.

O primeiro passo para a cura foi a conscientização de que estava doente e precisava de ajuda. Abrir meu coração e minha mente ao médico admitindo medos, fraquezas e frustrações foi a parte principal e mais difícil do tratamento.

Já na primeira consulta ele entrou com as medicações para depressão: remédio antidepressivo, remédio ansiolítico, remédio para dormir, remédio para ficar acordada, remédio, remédio, remédio e etc...Justamente eu que nunca gostei de remédio passei a conviver com um monte deles.

Com 6 meses de tratamento seguindo a risca o que o psiquiatra me dizia, fazendo acompanhamento com uma psicóloga e recebendo muito carinho da minha família eu já me sentia curada. Porém o médico impôs uma condição para tirar os medicamentos: que eu praticasse alguma atividade física. Foi dessa maneira que a corrida de rua entrou na minha vida.

Na época eu trabalhava com um rapaz adepto as corridas de rua e tinha duas amigas que também curtiam.
Comecei a caminhar. No primeiro dia 10 minutos, depois 20 minutos, 40 minutos e 1 hora e etc...

A caminhada ficou chata. Passei então a intercalar caminhada com corrida. Comecei com 5 minutos de caminhada com 1 minuto de corrido. Até que consegui correr 10 minutos diretos. Que vitória! Que alegria!

Meu primeiro obstáculo apareceu: como fumante por 20 anos não conseguia progredir. A falta de ar era maior que minha força de vontade. O que fazer? A resposta foi simples: parar de fumar. E foi o que fiz. Nesse momento já não tomava mais remédio para depressão e me livrei da nicotina.

A partir daí vieram os primeiros 5 Km, os primeiros 10 Km e os primeiros 21 km. Parar por aí? De jeito nenhum. Venci a depressão e venci a nicotina. Quero vencer os 42 km e ser uma MARATONISTA.

Foram 6 meses de treinos, alimentações balanceadas e 13 Kg a menos na balança. Minha família, meus amigos do cotidiano e parceiros de trabalho não me aguentavam porque meu único assunto era corrida, tiros, treinos intervalados e longões. Pensei em desistir algumas vezes porém a força que recebi de amigos e pessoas que nem imaginei que pudessem estar acompanhando meus treinos foi fundamental para eu seguir em frente e trazer para minha vida esse tão sonhado título de MARATONISTA.

A corrida não foi fácil. Pelo contrário, muito mais difícil do que imaginei. Cheguei muito, mais muito próximo do meu limite. 

Durante o final da corrida eu chorei muito. Chorei de dor e angústia por medo de não conseguir completar a prova. Eu não queria decepcionar a ninguém e principalmente a mim mesma. Do Km 38 ao Km 42 eu parei de sentir qualquer coisa. Meu joelho chegou ao seu limite, meus pés ficaram dormentes e eu só ouvia o som das minhas lágrimas. Completei os últimos 4 Km flutuando. Achou estranho? Mas foi estranho. Eu não sentia mais meus pés tocarem no chão. Até que o choro foi transformado em lágrimas de alegria. Cruzei a linha chegada e comemorei a minha vitória.

Se alguém me disser que a vencedora da Maratona Caixa do Rio 2017 foi Ednah Mukhwana eu vou dizer que não. Ela foi a ganhadora, porque a vencedora foi LUCIANA MAIA PEXOTO.

Venci a depressão, venci o cigarro e venci a Maratona. Meu maior prêmio foi a vida.

Você tem um sonho? Corra atrás atrás dele porque se você quer, você pode e com certeza irá conseguir.

Obrigada a todos pelo carinho.

10 comentários:

  1. Show Jorge!
    A Luciana é uma guerreira e grande incentivadora!
    Parabéns a vc pela matéria com ela e a ele pela conquista.
    Bjs.

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    Respostas
    1. Roberta sim com certeza e espero que através do relato dela muitas pessoas façam o mesmo.
      Bons treinos!

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  2. Show Jorge!
    A Luciana é uma guerreira e grande incentivadora!
    Parabéns a vc pela matéria com ela e a ele pela conquista.
    Bjs.

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    1. Roberta sim com certeza e espero que através do relato dela muitas pessoas façam o mesmo.
      Bons treinos!

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  3. Que bacana, sensacional! Parabéns pelas vitórias!��

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    1. VÂnia obrigado pela visita a Luciana é uma guerreira.
      Bons treinos!

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  4. Parabens Jorge, o Blog esta cada dia melhor.
    Parabens Lu, vc conseguiu vencer todas as etapas para ter uma vida de longevidade com qualidade.
    Vc Lu, é um dos exemplos que a corrida transformas.
    Parabens novamente!

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    1. Cesaria obrigado realmente a história da Luciana é inspiradora para muitas pessoas.
      Bons treinos!

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  5. Excelente Jorge, li até o final achando q.era ela a vencedora rsrar...bom realmente foi, e o maior prêmio foi a VIDA isso não tem preço. Parabéns pelo blog amigo Ultra

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    1. Marcelo também quando comecei a ler pensei o mesmo que vc...rsss...Sim com certeza o maior prêmio da Luciana foi a VIDA. Obrigado.
      Bons treinos!

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Ultramaratonista